À Beira da Loucura - In The Mouth of Madness

27/08/2014 13:11

Por Lucas Ildefonso

    Realidade e ficção geralmente estão próximas seja em qualquer sentido, especialmente quando vemos uma ficção mais cotidiana, um drama, por exemplo, mas e quanto aos filmes de terror? Será que existem os loucos dispostos a matar sem fim, ou monstros debaixo de nossas camas ou dentro de nossos armários? Qual o limite da realidade e da loucura?

 

    Comecei com essas perguntas, pois para mim elas resumem o núcleo da trama de “In The Mouth of Madness”. Filme dirigido pelo bem conhecido no âmbito do terror, John Carpenter (Lembram-se de “The Thing” ou "Halloween"?), À beira da Loucura (como foi batizado no Brasil) é um filme que coloca em nosso senso de realidade, fantasia, e loucura.

 

    John Trent é um investigador freelance de uma companhia de seguros, investigando e quebrando fraudes. Um dos seus casos é o desaparecimento de um escritor muito conhecido do gênero terror/suspense Sutter Cane, desaparecido dois meses antes do lançamento do que estava para ser seu melhor livro. Trent, naturalmente, imagina que toda a história do desaparecimento não passava de um golpe publicitário, muito proveitosos visto que os leitores fazem filas para comprar o livro, tal como também os que leem o trabalho de Crane passam a partilhar um pouco da loucura e, como investigador defendendo interesses, Trent sai à procura de Cane, que aparentemente se encontra numa antiga cidade, com o mesmo nome da cidade que usa em seus livros. Falar mais não seria interessante (spoilers), mas só adianto que ele consegue encontrar a tal inexistente cidade.

 

    O leitor um pouco mais ligado ao universo do terror, talvez consiga ligar o filme, a um dos grandes escritores do terror do século passado, H.P Lovecraft, a começar pelo título, Lovecraft possui um livro chamado “At the Mountains of Madness”, e as coincidências, não param por aí. A trama toda aparenta ter saído do universo mitológico criado por Lovecraft, e isso, para os fãs do escritor, fica bem claro ao verem o filme.

 

    A densidade e a pressão da própria história e da perspectiva dos personagens nos coloca em uma dimensão a parte, sufocante e de fato enlouquecedora. O roteiro priorizando, às vezes, tanto os bons sustos quanto a tensão psicológica, apesar das referencias, traz um sopro de originalidade, em cada desfecho e reviravolta. O elenco soube fazer sua parte, mas não muito além do essencial, salvo Sam Neill (Trent) que fez jus a seu personagem. Com uma condução bem orquestrada pelo senhor Carpenter, que consegue nos induzir o que os personagens principais parecem sentir a cada grande momento do filme.

                               

 

    No mais, o filme é muito bom, não sei o porquê de não ser tão conhecido. Talvez seja uma dessas injustiças. Injustiça que H.P Lovecraft também parece ter vivido em relação a sua obra. Recomendo para os fãs de Lovecraft, pois é uma das melhores adaptações da sua obra como um todo. Porém para quem não sabe do que estou falando, o filme, pode até parecer melhor e será uma porta de entrada para esse estilo. Carpenter fez um filme que deve ser visto, não percam a loucura, façam sua realidade. Nota. 8.3.

 

 

Informações sobre o filme:

 

Lançamento: 1994 (1h35min)

Dirigido por John Carpenter

Elenco: Jürgen Prochnow, Sam Neill, David Warner mais

Gênero: Terror , Suspense

Nacionalidade:  EUA

 

 

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