08/01/2014 21:51

Por Lucas Ildefonso

O ser humano comporta-se desde o seu surgimento como um animal social. Seu senso de interação com outros para alcançar objetivos em comum, como a caça, agricultura e segurança coletivamente foi o que o motivou a se relacionar em comunidades que gradualmente e naturalmente tornaram-se mais complexas, tanto em sua organização territorial, quanto na organização de funções, onde cada indivíduo possuía uma responsabilidade a cumprir.

A manutenção das primeiras sociedades passou a ser uma ação determinada pelas necessidades do grupo, e essa foi uma tendência que seguiu durante o desenvolvimento das relações humanas. O pensamento individual, único, dividiu-se originando uma nova de pensamento, o pensamento coletivo, que em conjunto com o individual é a base da mentalidade do individuo, que busca comportar-se de acordo com os limites impostos pelos dois.

A criação dessa nova forma de pensar trouxe vários benefícios, favorecendo a criação de uma espécie de código moral, diferente para cada período e localização geográfica. Dessa maneira surgiu o conhecimento também coletivo, evidenciado pela cultura.

O resultado dessa consciência coletiva pode acabar por ser negativo, no sentido de que muita das coisas que julgamos verdades, podem não ser e o que julgamos falso pode ser a verdade. Muito dos julgamentos dos seres humanos são tomados em relação a uma ideia que não foi descoberta pelo próprio, mas sim por alguns com grande influência ou pela interpretação errônea e errada de uma maioria.

Os preconceitos e as crenças inquestionadas são exemplos de quanto uma mentira construída por alguns, pode ser aceitas por muitos e assim tornar-se uma verdade. A discriminação racial, não tem nenhum fundamento lógico ou cientifico, porém insistiu-se em aceita-lo.

Vive-se em um mundo de aparências. Aparências criadas e difundidas pelo próprio individuo. Depois que um fundamento é tomado como verdadeiro quem não o aceita é excluído da categoria do “normal”, esse fenômeno reforça mais a instauração de uma inverdade e ajuda a espalhar, fazendo parte do “grande sistema”. O cotidiano está cheio de crenças e mentiras, silenciosas. Que aceitamos sem questionar, pois muitas vezes nos parece obvio.

O maior problema dessa conformação é a dificuldade em conseguir fazer com que as pessoas possam ver a verdade e saber encontra-la. Usando mais uma vez o exemplo da discriminação racial, foram necessários vários séculos para derrubar a ideia de que o negro é inferior e serão necessárias mais tempo para que essa crença desapareça.

O ato de abandonar as falsas verdades é atrapalhado pelo conformismo. As mudanças nem sempre são bem aceitas e são pouco estimuladas. Parte porque exigiria um esforço enorme, e também pelos interesses de grupos mais poderosos em conservar as preconcepções. A falta de questionamento é o principal responsável pela manutenção e distribuição dos falsos julgamentos. Quem questiona, busca o que é verdadeiro e persegue isso sempre, não importa quão difícil seja. 

No Brasil muita se reclama, discuti e comenta-se sobre a corrupção dos políticos. A politica virou sinônimo de roubo. E a população inconformada, porém acomodada, não consegue largar a ideia de que nada pode ser feito, de que as coisas da maneira que são e nunca poderão mudar. Preferem aceitar, ao invés de tentar abrir os olhos para o poder que cada um tem de mudar e de estimular. Preferindo viver na ótica, herdada, de que não podem fazer nada, por ser mais fácil. E esse sentimento, por consequência é passado para os seus filhos que criados assim, acabam por dar a seus filhos a mesma educação, e assim por diante, em sucessões.

Diante disso, a única maneira de vencer o preconceito, a mentira ou a falsidade é através da indagação. Indagando as pessoas passam do conhecer porque dizem que é, para o conhecer porque “eu” descobri que é. Essa atitude de buscar a verdade é o combustível para a luz que ilumina as coisas e mostra como elas realmente são. A realidade pode ser oculta, mas com a reflexão, as coisas tornam-se evidentes, e o conhecimento construído cada vez mais verdadeiro. E a partir do momento em que passa a ser uma prática, não haverão mais tuneis sem luz.

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