Capitão Phillips

01/03/2014 16:56

Por Lucas Ildefonso e Ed S.T

Capitão Phillips é antes de qualquer coisa uma grande produção mediante locais de gravação e nível dos efeitos especiais ao retratar fatos reais. A historia deste filme é em função de um ocorrido em 2009, onde o navio Maersk Alabama, que carregava entre outras coisas, suprimentos para países africanos, foi atacado por piratas, que fizeram o capitão da embarcação e seus comandados, esses em primeiros momentos apenas, passar por momentos de pura tensão e medo.

No filme Capitão Phillips é marcante a dualidade. Ora essa dualidade é manifestada na diferença entre os equipamentos improvisados que os piratas somalis possuem e a alta tecnologia do navio do Capitão Phillips. Os piratas manifestam por vezes, um caráter vilanesco, ou seja, dos daqueles que causam todo o mal e ora mostram-se traços de que na verdade eles são as vítimas do capital, da exploração do homem pelo outro de um país por outro. Os piratas possuem dentro de seu círculo três personagens marcantes, o do mais revoltado de todos (papa), o do mais jovem que é calmo, com a inocência e a do capitão somali, que a todo o momento tenta manter a situação calma, explicando-se, agindo de maneira estratégica, sem querer como repete, machucar ninguém.

Logo inicio a dualidade, o choque de realidades é evidente, Tom Hanks acorda em sua cama, numa bela casa, com todos os eletrodomésticos possíveis, enquanto os somalis, pobres, com sinais de desnutrição, dormem em casebres improvisados com os materiais simples que possuem, sem muito. Na falta de comida, comem de uma planta exótica e curiosa que faz passar a fome ou ao menos sacia-la. Ver-se o quão tecnologicamente também é equipada a marinha e de quanto os piratas de maneiras simples conseguem obter o terror sob eles.

Há também, no aspecto de exploração, como mostrado no momento em que ocorre o recrutamento dos piratas, o de como parece ser normal e natural na vila em que vivem e talvez na região a pirataria como uma forma de sobrevivência, tomando de certo modo os ataques como um sinal de desespero, de socorro ou de certa forma um acerto de contas com os estrangeiros que tem comida, dinheiro de sobra.

A atuação do capitão somali rouba a cena e mesmo que o ator Barkhad Abdi divide os créditos das melhores atuações do filme com Tom Hanks. O desempenho é memorável e bastante real. Essa é a sensação que passa, o assalto ao cargueiro e as cenas carregam muito bem a tensão que se esperaria ver e ser sentida na cena, mérito dos atores principais e do diretor que afirmou que deu o aspecto mais real possível ao filmar as cenas de surpresa.

O final é bastante triste, não irei dizer, TENHAM CALMA, apesar de ser um pouco óbvio o destino dos piratas, mas é a reação do personagem de Tom Hanks, a tudo que aconteceu que é marcante e diferente do que se esperaria de uma produção hollywoodiana. Ao invés de mostrar o herói nacional, Philips que assumiu todos os riscos de sua tripulação como um homem forte emocionalmente e fisicamente, determinado, perspicaz e invencível no seu espirito. É nós mostrado um homem frágil a beira de nervos, fugindo totalmente do estereótipo que até então era uma tendência e que era marca desse tipo de filme.

Na história é difícil diferenciar quem é o mocinho ou bandido, quem machuca, quem tem razão diante de suas relativas circunstâncias. Não se chega a ter total pena dos somalis e tratar os americanos como bestas capitalistas e nem tampouco de tratar os somalis como os inimigos completamente maus agindo por pura ganancia, enquanto que a tripulação são as pobres vitimas. Não há nada disso impresso na película, há uma linha tênue entre ambos, que as vezes se mostra mais puxada para um lado e noutras para um outro perfil. É disso que faz o filme ser além do que se poderia imaginar e que também o coloca como uma excelente pedida para o espectador.

Em suma, a abordagem feita pelo filme junto com suas adaptações tornou a historia mais dramática e cinematográfica, como já era de se esperar. Apesar disso, algumas decisões sobre tomadas de câmera e falhas em continuidade fazem a olhos mais atentos o filme perder em detalhes, mas sem deixar de ser um grande filme. Atuações formidáveis, principalmente de Barkhad Abdi, que interpretou o capitão dos piratas e deu um verdadeiro show em atuação. Nota 8,0.


 

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