DECAPITAÇÃO DOS PROBLEMAS - PARTE IV

25/11/2013 21:20

DECAPITAÇÃO DOS PROBLEMAS

A busca pelo verdadeiro culpado!

Autor: Edgar S. Torrecilhas

PARTE IV

            Sinceramente ainda tenho duvidas se entrei em coma, se tive uma maravilhosa noite/dia/tarde/noite/dia de sono ou sei lá o que houve comigo, deitei-me na sexta-feira e me levantei morrendo de fome, me deparando com o dia de hoje sendo domingo. Domingos de manhã me cheiram há café da manhã reforçado e uma boa caminhada, mas tenho a certeza que a ti não, mas pense comigo, quantas vezes em sua vida te acordas em um domingo de manhã, sem um pingo de sono e antes das 9h? Levantei-me, comi e sai para caminhar. Como vocês já devem ter em mente de tanto que repito a paisagem nas proximidades de onde moro é digamos peculiar. Pois sou cercado de terrenos vazios e casas desabitadas, sem arvores, sem flores, apenas um drogado aqui, um casal lésbico se atracando ali, um senhor de idade sendo assaltado acolá, lógico que, enquanto acelero o passo para que não seja a próxima vitima, mesmo sabendo que de mim ele não levaria NADA! Exatamente pelo motivo que vocês imaginaram, sou sim um homem de certa idade e porte físico duvidoso, mas quando se trata de cretinos assaltantes, estes vermes não levam nada de mim, pois nunca saio com nada de valor, ou melhor, não possuo nada de valor, perdoe-me se desapontei alguém com esta situação, mas sou apenas mais um homem sem muitas forças, incapaz de fazer mal a uma mosca, ou rato caso prefiram.

            Ao caminhar, diferentemente do que esperava, não vi nenhum marginal, nenhum casal libertino, nem nada desagradável, na verdade só o que vi foram arvores cujas folhas caiam ao tocar da brisa em seus galhos, um céu fantástico sem nenhuma nuvem sequer, daqueles que todo observador do céu adora. Dei duas volta em meu quarteirão, até decidir andar mais longe, foram 45 minutos de caminhada sem nenhuma interrupção ou imagem desagradável, seria aquilo um belíssimo sonho? Sonhar, algo que não faço há certo tempo, sempre ou me deparo com horríveis pesadelos ou apenas me emudeço sobre minha cama, fecho os olhos e após algum tempo acordo, como se nada ocorresse. Viver uma vida sem animação, sem agitação não é problema, mas viver uma vida que não se vive é um dilema. Problemas vem e vão nessa imensidão que chamamos de “existência”, mas são eles que nos fazem ver além do que o que realmente acontece, do que realmente importa. Depois das cartas e fotos, independente  de se eram verdadeiras, ilusões, sonhos ou o que fosse, eu me sentia outro homem, vivia mais do que antes, talvez aparente bizarro ou faça sentido para vocês mas tudo aquilo me fez ver o mundo com outros olhos, mas uma coisa persistia sobre tudo isso, seria tudo verdade? Seriam sonhos? Seriam ilusões? Eu carecia de respostas, precisava saber o que realmente havia entrado em minha mente e em minha vida nas ultimas semanas.

            Mas não podia correr atrás daquilo que teoricamente não existia, não sabia onde estavam às cartas, nem as fotos nem nada... Porém para meu azar aquilo ainda não havia acabado e só descobri isso nas ultimas consequências daquela mesma semana.              Segunda-feira é um dia condenado por dar inicio a semana de trabalhos para homens como eu e aulas a estudantes muitas vezes fatigados pelo seu dia-a-dia, mas quando se esta de férias é a benção do inicio de mais uma semana sem ter o que fazer. Em uma vida monótona férias nem sempre é sinônimo de diversão, pois para mim apenas atrelava-se nada para fazer com tempo livre ou de forma mais poética, a possibilidade do mergulho dentro de mim mesmo perante meus pensamentos e minhas ilusões em conjunto com minhas problemáticas.

            Começava a sentir bem novamente, nenhum sinal daquelas imagens macabras em minha mente, muito menos em minha casa. A duvida sobre os fatos se esvaia como se nem houvesse sequer ousado existir, tudo reencaminhava em direção a pacificidade de minha vida e de meus atos, apenas um vazio surgiu junto, mas nada que algumas horas jogadas no sofá, assistindo qualquer besteira em meio a muito chocolate e bebidas, a única arma que nunca falha diante do vazio é este doce veneno. Preparei toda aquela sessão alegria e fui buscar os chocolates que estão no armário, mas para que fiz aquilo? Ao puxa-los deparei-me com um bilhete... Ao estilo daqueles macabros que antes haviam aparecido em minha vida, mas como um deles poderia estar ali? Será que era um dos anteriores? Creio que não, este aparentava ser menor e não havia nenhuma foto, apenas um bilhete para meu achar e derrota, pois com isso toda minha teoria de sonho e ilusão ia por água abaixo.

            Antes de ler o que ali estava escrito pensei melhor e deixe de lado, assisti a um bom filme de terror, comi, tomei um banho e já com a cabeça bem relaxada decidi que era o momento de ler aquele bilhete. Antes de lê-lo diversas teorias vinham a minha cabeça, desde que não se tratava de um bilhete daqueles realmente até mesmo que era um bilhete do cretino macabro que mandou os demais, só que agora se endereçando diretamente pra mim. Li atentamente tudo que havia naquele pedaço de papel, escrito a mão e que para meu espanto, a letra era muito familiar. Nunca fui de reparar naquele tipo de coisa, na verdade nunca fui muito “ligado”, mas tantos fatos, tantas dúvidas e tantos questionamentos me fizeram atentar-me a detalhes ínfimos, desde uma vírgula a uma gota de sangue, que por falar nela, era como se encerrava o bilhete, uma gota de sangue como ponto final. Abrindo um parêntese sobre isso, fico agora imaginando como trama sua mente que tenta decifrar tudo isso, busca alguma explicação, dentro do caos uma luz e exatidão, bom, como consolo lhes avis, tenho tantas certezas quanto vocês e até mais duvidas do que antes. No bilhete apenas poucas palavras, mas que me deixaram atônito e perplexo, senti meu cérebro implodir com aquilo, que começou pelo conteúdo do bilhete:

Já sofreste tanto com tudo isso, já se escondeu tanto e implorou por um pouco de compaixão. Agora receba de mim meus sinceros agradecimentos por ajudar a executar tudo e dar fim ao mal que nos corroeu por tanto tempo”.

Mas como assim, do que este verme esta... Antes mesmo de concluir meu raciocínio o pavor tomou conta pela assinatura que encerrava o bilhete, era algo inexplicável e ao mesmo tempo compatível. Meu suor descia frio sobre minha pele agora pálida como o próprio papel. Meu coração acelerado tinha as batidas ditadas como se fosse nutrir um motor de 3000 cavalos de potência. A assinatura era de nada mais nada menos “G. R. SALLICERROT”. Meu caro e minha cara, você deve pensar “quem diabos é esse Sallicerrot”, bom um fato que não vos revelei é sobre o que aconteceu com meu pai, veterano de guerra, morreu ao reagir a um assalto, o bandido proferiu um tiro direto em seu coração, mas não é isso que vocês precisam saber, mas sim que meu pai era GUSTAVO RAFAEL SALLICERROT, porém não acaba ai, já que como homenagem a ele, minha mãe me batizou com o mesmo nome e sim, a letra que escreveu naquele papel era minha, por isso era tão familiar e por isso me causou tanta estranheza ao ler... Naquele momento o que eram duvidas até simples se tornaram imensos abismos de inconsciente temor sobre o que acabara de ler. Como assim, como eu poderia ter escrito aquilo e não me recordar? Não poderia ter sido, eu não fiz nada daquilo que aconteceu. Mas então quem colocou aquele bilhete ali, como explicar o desaparecimento das cartas e das fotos, como explicar o surgimento e o desaparecimento da cabeça decapitada de minha amada filha? E a carta com minha letra. Nada se encaixava tudo se confundia e o que não se confundia me apontava como um criminoso, mas não sou esse monstro! Ou será que sou?

            Li e reli aquele bilhete buscando algo que me mostrasse não se tratar de mim mesmo ou que na pior das hipóteses me fizesse relembrar se escrevi tudo aquilo ou não. Não sabia mais o que seria verdade e o que era ilusão, para mim o contraditório se tornará cada vez mais exato. Quando quase me auto declarei culpado dos crimes me deparei com um único fato, se aquele bilhete foi escrito por mim então aquela gota de sangue fresca indicava que fora tirada a pouco, então ou o sangue de meus familiares fora guardado ou então seria meu próprio sangue, sendo que não possuía nenhum corte se não teria percebido durante meu banho. Guardar o sangue seria uma prova muito forte e aquele verme que efetuou os homicídios não seria burro a ponto de deixar nenhuma ponta solta e mesmo que esse verme fosse eu, também não deixaria. Aquele pensamento de que eu mesmo seria a mente covarde e sombria me fez sentir náuseas. Concentrei-me e retomando meu raciocínio conclui: O sangue é do assassino e esse sangue não é meu!

Clique e confira: PARTE V

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