DECAPITAÇÃO DOS PROBLEMAS

05/11/2013 00:41

DECAPITAÇÃO DOS PROBLEMAS
A busca pelo verdadeiro culpado!

Autor: Ed S. T.

PARTE I

          Cinco horas da tarde e uma leve brisa em meu rosto, nada de mais... Mais um dia fatídico em minha vida, talvez mais um dia monótono. Revendo... Retiro o talvez e digo com toda propriedade MAIS UM DIA MONOTONO. Já se encerrava à tarde quando percebi que algo mais acontecia naquele momento, mas desisti de ver o que fosse já era hora de sair de meu trabalho, as horas voam quando não se atribui valor, portanto guarde isso para a escola meu rapaz, lhe será útil nos momentos de tédio.

           Ao chegar a minha residência, em que moro a cerca de três anos, nada muito ostentante, uma quitinete de no máximo 30 metros quadrados, bom mais do que eu precisava e menos do que meu dinheiro resolvia, me unia o útil ao agradável, mas de péssima localização, becos escuros rondavam o lugar, bom para drogados e casais que por ali cometiam sua libertinagem sem pudor.

            Dias rotineiros, mas para uma boa visualização de ti meu leitor lhe darei mais detalhes: acordava as 5h15 metodicamente, e seguia a ordem de levantar, escovar os dentes, banho, me arrumar, tomar café e as exatas 6h35 sair para meu trabalho que se encontrava a 14 minutos de minha casa. Dai em diante trabalho e pilhas de folhas, almoço as 12h e retrocesso a este encavernamento chamado “serviço” se dando as 13h30 Nunca me importei com minha rotina, mas como já os indiquei, algo havia mudado.

            Sem filhos, sem esposa, pode-se dizer sem família já que um rato que habita minha residência sem permissão não pode ser considerado sequer animal de estimação ou vocês o considerariam? Deixo isso a critério de quem ler, mas a um detalhe a acrescentar, ele com certeza habita o local a mais tempo do que eu, pois em todas as raras vezes que tentei dar cabo de sua vida ele soube cada espaço minúsculo da casa para se esconder. Às vezes penso que não é ele que vive comigo, mas sim eu que vivo com ele.

            Sou apenas mais um que serve a um estado ingrato e prepotente, cuja única função é nos submeter a leis injustas e todo aquele “blábláblá” que nós conhecemos e por favor não entenda isto como uma prepotência de minha parte ao caracterizar os problemas com algo “sem sentido”, mas estou cansado de citar, ouvir citarem, ler citarem mas não observar luta ou união para combate. Nesses momentos lembro de grandes batalhas, coisas do tipo “o bem versus o mal” mas com todas as suas devidas correções e neste momento lembra que para uma batalha são necessários dois lados e aqui só observamos um único e um espalhado, consegue defini-los?

            Na manhã de 3 de julho de 2003 recebi a primeira prova concreta de que algo estava realmente diferente, recebi uma carta, ao estilo palavras recortadas para dar um tom mais dramático, com os seguintes dizeres:
- Tolo é aquele que se enquadra em um mundo cuja própria existência deste não se torna diferenciada em aspecto algum, se achando mesmo assim um ser “vivente”, quando não passa de mais um composto usado para adubo – excremento? Quem ele está chamando de bosta? – não pense que está vivo, pois você já morreu e agora este pequeno espaço que chamas de mundo é sua prisão e você apenas mais um louco.

            Ao ler tudo fiz aquilo que qualquer homem são faria, amassei a carta e usei-a como bola de basquete, após o terceiro arremesso consegui a tão desejada cesta. Mais alguns poucos dias e logo outra e outra carta, sempre no mesmo molde e sempre me indicando algo que já sabia, pois quem tem uma rotina já está preso correto? E não se pode dizer que está palavra traga outro sentido, pois não existe “rotina animada”, se esta sendo enquadrado em rotina é repetição, sendo assim não é novo e fim de papo ou teria algum louco para discutir com a tela de seu computador?

            Em determinado momento as cartas tomaram tom de ameaças até que certo dia culminou em mais do que isso. Na manhã de 19 de agosto de 2003 recebi uma combinação que sinceramente nunca imaginei que pudesse ser tão amarga, fotos e uma carta. Mas seria mais do que isso, seria indicio de um crime. Vivo hoje só, mas já fui casado, possuía o chamado modelo de família, cuja constituição se dava em um pai, este que vos faz perder tempo até aqui, uma esposa, Katharine Suans e dois filhos, Juliana e Paulo. Nunca fui do tipo que percebesse sinais e bem, em um dia estava casada e no outro vivia só.

            Naquela carta voltei a ver minha ex, mas... Não da forma que esperava, ela em nosso ultimo encontro parecia um demônio traiçoeira, um ser que só queria angustia, dor e um pedaço de mim, congratulações para você que imaginou “audiência de divórcio”. Se naquele momento ela queria um pedaço de mim, agora eu tinha um dela ou sendo mais direto, uma foto de um pedaço dela, sua cabeça sendo ainda mais direto e preciso.

            Ao abrir a carta, a foto me fez vomitar no mesmo instante, pois até o odor de podridão me parecia ser exalado por aquele pequeno pedaço de papel.  Depois de conseguir tomar um ar, beber água e limpar aquilo, me volte para a carta e a foto. Era sem duvidas a cabeça de Katharine, loira, olho verde, boca vermelha, parecia uma boneca e neste momento agia como tal. A carta era muito simples e direta, estava mais até para um bilhete ou um recado:

- A sua vingança pode ser considerada uma redenção, basta você adota-la como tal e executa-la como o mal.

            A frase não me era estranha, já havia lido em algum lugar, mas não me recordo onde, isto não importa, apenas saiba leitor que aquilo me abalou ainda mais do que a foto. Mas não terminava ai, abaixo trazia um desenho antigo de nossos filhos, lembro que eles o fizeram quando viajamos em férias. No desenho faltava a cabeça de Katharine e havia números acima das cabeças de meus filhos, números 2 e 3 para ser mais franco, isto não faria sentido se não fosse o fato do número 1 rasgado na cabeça de minha ex.

            Pensei em ir a policia e entrar aquilo, mas duas coisas me deterão a primeiro algo interno, sem explicação que me dizia “não vá, está acontecendo algo que você não deve impedir”, isso me fez sentir alivio e repulsa na sequência. O segundo motivo chega até certo ponto sendo clichê, um telefonema onde a voz do outro lado não dizia nada apenas ofegava e que ao desligar meu celular uma mensagem apareceu me mandando não entregar e seguir aquilo que senti. Não daria valor a ela, se não fosse o fato do cretino saber como estava vestido, ele me observava e tinha meu número e ao tentar retornar a ligação, só ouvia-se “este número não existe”, como diabos ele não existe? Recebi uma ligação dele há segundos atrás.

            Sentei-me e coloquei as ideias em ordem, mas a quem estou enganando, não havia ordem em minha turbulenta e nebulosa mente, que naquele momento estava envolta de escuridão e uma dor de cabeça impossível. Busquei um remédio, e ao pensar bem decidi levar a carta e a foto a policia mas ao procurar a carta não a encontrei e em piora um súbito mal me fez desmaiar.

            Acordei no dia seguinte apenas, um domingo de sol e que por sinal estava lindo, quase me fazendo esquecer aquela figura macabra representada na foto. Levantei-me e novamente busquei foto e carta, nem me atentei ao fato de acordar em minha cama e não no chão da sala minha busca pela carta não chegou a êxito algum, será que foi apenas um sonho? Isso explica acordar em minha cama e não encontrar a carta, mas a imagem não saia de minha cabeça e agora parecia ser mais real do que a foto.

            Buscando esquecer aquilo decide ir ao campo, jogar bola com meus amigos, mas como sempre todos farraparam comigo, não sei ne por que ainda espero encontra-los lá. Voltei para casa e me deparei com mais uma carta, pensei em não abri-la, mas tive ideia melhor, corri para delegacia e decidi abrir a carta lá dentro, agora ela não sumiria. Entrei de supetão e no meio de todos comecei-la a lê-la em alto e bom som, mas para meu azar não era do mesmo remetente macabro, só me dei conta na segunda ao ler a frase “quero você me possuindo novamente”, vi então se tratar de algo escrito por uma amiga minha. Por ler aquilo lá fui enxotado a ponta pés, sorte minha não ser preso, principalmente em nosso país onde o pobre não possui vez.

            Voltando para casa fui terminando de ler a carta, realmente de uma amiga, mas nada com intuito referente à minha pessoa – para meu azar – ela está escrevendo um livro e ali estava seu primeiro capitulo que ela me mandou para dar opinião. Segundo ela enviar trabalho por e-mail é perigoso, pois podem hackear e ela perder tudo, ainda acho se tratar apenas do fato que ela não se da muito bem com computadores, é quase como se fosse uma cega brincando de esconde-esconde com ninjas. Li tudo, mas ao tentar ligar para ela informando minha opinião novamente meu celular não funcionou, mas essas porcarias são assim, quanto mais modernas mais suscetíveis à quebra.

            Finalmente segunda-feira chegou trazendo toda a sua monotonia e enfadonha existência, mas com um alento, iniciou uma semana sem noticias daquilo que me encaminhou as cartas, digo daquilo por não saber de quem se tratar.

Clique e confira: PARTE II

Enquete

O que você está achando do site?

Ótimo (217)
Bom (38)
Regular (41)
Ruim (44)

Total de votos: 340