04/01/2016 23:22
Por Ed S.T.
Mais uma vez a marca dele está presente em toda a filmagem. Quentin sempre exagera no sangue, no absurdo, na insanidade. Ou será que ele acerta na medida exata? Para quem já estava com saudade de suas pinceladas no cinema, “The Hateful Eight” (Os Oito Odiados) é a maior prova que Tarantino tem seu jeito próprio de fazer cinema, que só não chamo de sublime pelos litros de sangue e as balas em demasia. Mas acreditem, isso é um elogio.
O longa se passa logo após o fim da guerra civil e nos traz personagens bem comuns ao mundo Tarantino (loucos, psicopatas, assassinos e sarcásticos), todos presos em uma hospedaria no meio do nada enquanto uma nevasca congela tudo do lado de fora. Outra figurinha carimbada em seus filmes, o ator Samuel L. Jackson está presente como Major Marquis Warren, uma espécie de defensor negro que ganha a vida como caçador de recompensas após lutar na guerra. São quase três horas de filme, com muitos diálogos que buscam aprofundar em cada personagem, além de, é claro, elevar ao limite a tensão de cada cena até o momento em que tudo estoura (literalmente). O local se torna quase que um “reality”, onde os personagens são eliminados à moda do diretor.
A verdade é que The hateful Eight é uma boa diversão para os amantes de filmes ao estilo Tarantino de ser, mas que deixa a desejar dentro do próprio universo de Quentin (por pouca coisa, mas deixa). Em miúdos, o filme traz sim “mais do mesmo”, tentando se reinventar, mas peca em aspectos deliciosamente típicos do cineasta. Isso não faz do filme ruim, porém fica devendo em comparação com outros trabalhos de Tarantino como Cães de Aluguel, Bastardos Inglórios, entre outros. Acaba sendo um ótimo filme, ao estilo do diretor, mas incompleto dentro de sua própria premissa, porém se assemelha ao clássico "Cães de Aluguel" (com forte dose de faroeste) pelo ambiente e o conflito em local fechado.
Por outro lado, devemos salientar com prazer a atuação de Jennifer Jason Leigh, que vive a fora da lei “Daisy Domergue”, pois banhada por sangue quase todo filme (seja dela ou não), conseguiu aplicar a força e o temperamento da personagem, chegando até, sinceramente, roubar a cena em certos momentos. Além dela e do já mencionado Samuel L. Jackson, o filme conta com Kurt Russell, Channing tatum, entre outras feras.
No todo é isso, mais uma produção do gênio Quentin, mas que ao mesmo tempo nos deixa empolgados pelo ótimo filme e desapontados por não ir além dentro de seu próprio universo cinematográfico. Nota 7.9 e uma ótima diversão (de três horas) para vocês.
Sinopse: Durante uma nevasca, o carrasco John Ruth (Kurt Russell) está transportando uma prisioneira, a famosa Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), que ele espera trocar por grande quantia de dinheiro. No caminho, os viajantes aceitam transportar o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson), que está de olho em outro tesouro, e o xerife Chris Mannix (Walton Goggins), prestes a ser empossado em sua cidade. Como as condições climáticas pioram, eles buscam abrigo no Armazém da Minnie, onde quatro outros desconhecidos estão abrigados. Aos poucos, os oito viajantes no local começam a descobrir os segredos sangrentos uns dos outros, levando a um inevitável confronto entre eles.
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